quinta-feira, 1 de março de 2012

Quanto lixo há na órbita terrestre?

Concepção artística mostra a presença do lixo espacial na órbita terrestre. A escala está bem exagerada em relação à Terra para que ele seja melhor visualizado
Foto: ESA/Divulgação


A chamada corrida espacial foi responsável por mudar o nosso mundo. Afinal, conseguimos imaginar como viveríamos sem satélites hoje? Contudo, essa revolução também deixou um grande rastro de lixo no caminho. A quantidade de objetos dos mais variados tamanhos é tão imensa que o pentágono já alertou que o lixo espacial pode levar a uma reação em cadeia que afetaria a comunicação no planeta. Mas afinal de contas, quanto lixo há no espaço?


Segundo a Nasa - a agência espacial americana - existem aproximadamente 19 mil objetos com 10 cm ou mais detectados. Os objetos entre 1 e 10 cm chegam a 500 mil e aqueles com menos de 1 cm são estimados em dezenas de milhões.


Mas daí vem a pergunta, o que um pedaço de metal tão pequeno pode fazer? Simples, uma peça pode danificar um satélite, ou até pior, peças maiores podem se chocar e criar peças menores e assim por diante, aumentando ainda mais o lixo espacial.


Há três casos relativamente recentes de problemas envolvendo os restos da corrida espacial. No primeiro, a equipe da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) se viu obrigada a alterar sua rota para desviar de destroços.


Em 2009, o caso foi mais grave. Uma sonda militar russa desativada atingiu um satélite americano de comunicações sobre a Sibéria, o que liberou cerca de 1,5 mil peças no espaço. Em 2007, um teste com um míssil chinês liberou mais 150 mil peças de lixo.


Os Estados Unidos - um dos principais responsáveis pelo "lixão" orbital - já defende inclusive que a Organização das Nações Unidas (ONU) intervenha e emite orientações para que o espaço pare de ser lotado com restos de foguetes, satélites e outros equipamentos. "O espaço precisa de policiamento e leis para proteger o interesse público", disse Mazlan Othman, diretor da para Assuntos do Espaço Exterior em entrevista

















Em 1958, os Estados Unidos lançaram o seu segundo satélite, de nome Vanguard I, que operou durante 6 anos. Após sua desativação, este tornaria-se uma das mais antigas peças de lixo espacial. Em recente sondagem foi confirmado que a relíquia permanece em órbita, sendo portanto o detrito espacial mais antigo em órbita atualmente.
De acordo com o livro Envisioning Information do professor Edward Tufte, a lista de lixos espaciais inclui uma luva do astronauta Ed White, perdida na primeira caminhada espacial norte-americana; uma câmera que Michael Collins perdeu próximo à Gemini X e outra perdida por Sunita Williams durante a STS-116, também durante uma atividade extraveicular; sacolas de lixo; uma chave de boca e uma escova de dente. A maioria desses objetos volta para a Terra, atraídos pela gravidade, em poucas semanas. Devido às órbitas onde foram soltos e dado o seu tamanho diminuto, são facilmente deteriorados durante a reentrada na atmosfera do planeta. Fatos como esses não são de grande importância na problemática do lixo espacial. Por outro lado, eventuais colisões entre os objetos (que podem gerar mais peças) constituem o principal problema referente a estes detritos.
O primeiro ônibus espacial a realizar oficialmente uma manobra evasiva de uma colisão foi o Discovery, durante a STS-48, em Setembro de 1991, em que procedeu-se no acionamento de um subsistema de segurança da espaçonave para evitar a colisão com detritos de um satélite russo, Kosmos. Só a explosão causada pelo Kosmos 1813, em 1987 gerou cerca de 850 resíduos com mais de 10 cm[2] de comprimento.
Até 1998, mais de 60 janelas de ônibus espaciais haviam voltado à Terra com danos provenientes do espaço. Uma lasca de tinta do tamanho de um grão de sal, orbitando a uma velocidade de 14.400 km/h, pode abrir uma significante cratera de 2,5 cm de diâmetro, com a possibilidade de a janela estilhaçar-se durante a reentrada.
Em Outubro de 1999, a Estação Espacial Internacional também realizou uma manobra evasiva. Os detritos consistiam em restos do foguete Pegasus, que segundo cálculos passariam a uma distância de 1,4 km da estação. A manobra foi realizada com o acionamento do foguete do Módulo de Controle Zarya, durante 5 segundos. Isso elevou a estação em cerca de 1,6 km e os detritos passaram a cerca de 25 km da estação.Em outubro de 2008, após mais uma manobra para evitar colisão com um detrito residual de um satélite Cosmos, a ISS já somava um total de oito manobras evasivas, sendo que as sete primeiras ocorreram nos anos inciais do programa: de Outubro de 1999 a Maio de 2003. O relatório da NASA atribui esse hiato à melhora de exatidão na vigilância espacial e rastreamento de detritos.
Durante os 10 anos de funcionamento da estação espacial MIR, foram liberadas, em sua maioria, sacolas de lixo.

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