Nos dias de hoje, não há quem não conheça o GPS. Seja automotivo,
aeronáutico, náutico, ou para qualquer outro tipo de uso. Com certeza
alguém já ouviu falar e sabe como funciona este sistema de navegação
preciso, graças a dezenas de satélites que estão na órbita de nosso
planeta.
O que quase ninguém sabe, é que meios de navegação por instrumentos
já existem desde os primórdios da aviação. O ADF (Automatic Direction
Finder), é um rádio auxílio, que recebe sinais na faixa de 200 KHz até
400KHz, no entanto, também recebe rádio broadcast AM, numa faixa de 500
KHz até 1650KHz.Apesar de ser
absolutamente simples, é utilizado até hoje em muitas localidades, onde
não é possível ter sistemas de navegação mais avançados, como VOR, DME e
ou ILS, devido ao fato que estes sistemas tem um custo de implantação
relativamente superior.
A função do ADF, se resume em exibir (através de uma seta sobre uma
bússola), a direção da estação de rádio. Sendo assim, se a estação está
posicionada juntamente, ou próxima ao aeródromo, é possível saber que
para onde estiver apontando a seta, é onde está o destino.
Instrumento ADF de um King Air. (A seta aponta a direção da estação
A navegação é simples assim. Seguiu a seta, está na direção da estação
(desconsiderando interferências, claro), no entanto, temos aerovias, por
onde temos que navegar, então geralmente temos que voar com a seta
apontando para a mesma direção que esta aerovia, sendo necessário
efetuar correções para que a direção da seta, seja a mesma direção
definida na aerovia. Ex: (Se você estiver voando na direção da estação
(QDM), e a aerovia tem a direção 270º, você deve manter a seta apontada
para esta direção também. Caso esteja voando se afastando da estação
(QDR), a seta estará apontada p/ trás, mas a parte de trás da seta
apontando para 270º.
Painel bem antigo, com o controle para sintonizar a frequência do ADF.
O ADF não se resume apenas à navegação em rota, mas também é
utilizado principalmente para procedimentos de aproximação. Estes
procedimentos são definidos nas cartas de aproximação de cada aeródromo,
mas diferentemente do ILS, o ADF não possui precisão, não indicando
rampa ideal e muito menos a distância para a estação, sendo assim, a
altitude de decisão (ponto onde é necessário ter visual com a pista) é
sempre mais alto, e ao invés da distância, utiliza-se o tempo
(geralmente em minutos), para se afastar proporcionalmente à sua
velocidade, e enfim curvar e fetuar a aproximação em uma taxa de descida
já especificada em carta.
Abaixo, segue uma explicação sobre cada seção da carta de aproximação via NDB (ADF) para a pista 35 em SBUR (Uberaba)
Perfil horizontal da carta. Mostra as direções (QDM's e QDR's) a serem
seguidos durante o procecimento. Neste, por exemplo. Ao passar por cima
da estação URB, mantem o afastamento em 200º por 2 min e 10 seg, para
então fazer curva à esquerda, e fazer aproximação final em 359º.
Nesta última parte, são exibidas informações cruciais para o
procedimento, como o teto (altitude de decisão), que neste caso é de 700
pés AGL (Sobre o nível do solo), informações de visibilidade, e razão
de descida a ser mantida de acordo com a velocidade (em nós) da
aeronave.
Nesta última parte, são exibidas informações cruciais para o
procedimento, como o teto (altitude de decisão), que neste caso é de 700
pés AGL (Sobre o nível do solo), informações de visibilidade, e razão
de descida a ser mantida de acordo com a velocidade (em nós) da
aeronave.
Conforme já foi dito anteriormente, o ADF é um instrumento muito
antigo, mas ainda bastante utilizado. Infelizmente ele possui várias
desvantagens, quando comparado à auxílios de navegação mais modernos,
como o VOR (que irei tratar em outro artigo) e o ILS (já explicado neste
blog).
Uma das grandes desvantagens, é o fato de poder sofrer grandes
interferências, e às vezes fornecer informações até mesmo 180º
defasadas, prejudicando bastante a navegação.
Outro problema, é o fato de não indicar a distância para a estação,
ou seja, você está seguindo a seta, mas sem saber qual a distância para
ela, apesar de que há como estimar a distância através da deflexão da
indicação. (Posicionando a seta no través (lado) da aeronave,
cronometrar até a agulha cair 10º e enfim fazer o cálculo, baseado na
sua velocidade).
Enfim, quando você estiver voando pelo interior do Brasil, saiba que
mesmo que a aeronave não tenha auxílios modernos como o GPS, o piloto em
questão poderá levá-lo ao seu destino em segurança utilizando auxílios
de navegação como este, que apesar de antigo, ainda tem sua utilidade
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