domingo, 27 de maio de 2012

NASA entra na briga pelo avião supersônico silencioso

A agência espacial dos Estados Unidos procura criar um sistema capaz de reduzir o impacto sonoro das grandes aeronaves.

 
Há algumas semanas, publicamos uma notícia que mostrava que os norte-americanos estavam pesquisando formas de acabar com o barulho excessivo causado pelos aviões. Agora, a NASA também está entrando na briga pelo projeto de uma aeronave silenciosa que cause menos poluição sonora e, principalmente, permita voos comerciais muito mais rápidos. Mas em vez de as asas inovadoras daquela matéria, as pesquisas neste caso são por uma aeronave inteiramente nova.
Junto com a NASA estão as empresas Boeing e Lockheed Martin, que pretendem chegar a resultados que possam ser instalados em seus aviões até 2025. O grande objetivo é fazer com que os níveis de poluição sonora sejam reduzidos drasticamente. Hoje, os primeiros protótipos chegaram a resultados animadores, que ficam entre 81 e 79 decibéis – modelos da Concorde estão muito acima disso.
A intenção dos engenheiros e cientistas é chegar a um resultado que seja inferior aos 70 decibéis. Dessa maneira, seria possível fazer com que os aviões atingissem velocidades supersônicas em voos comerciais, não causando distúrbios às grandes cidades.

Por que menos som significa mais velocidade?

Um dos motivos para que os aviões não sejam mais velozes são as explosões sônicas – um barulho muito alto que pode ser percebido quando as aeronaves atingem a velocidade do som. Em operações militares, os pilotos estão preparados para isso, mas em voos comerciais os passageiros poderiam não reagir nada bem ao momento em que a velocidade é atingida.
 
Segundo o site Aviation Week, a explosão sônica realmente se parece com uma explosão, o que pode causar pânico por parte das pessoas. Além disso, como este tipo de voo ocorre sobre grandes cidades, a poluição sonora seria um incômodo que poucas populações estariam dispostas a suportar.
Por essas razões, criar aviões capazes de anular – ou pelo menos diminuir – impactos sonoros externos e internos é um dos maiores obstáculos para que a aviação continue evoluindo em termos de velocidade, conforto e facilidade. 




A sigla Nasa, geralmente é associada a projetos espaciais, mas na realidade, Nasa significa Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço. E assim, a agência firmou uma série de contratos com indústrias norte-americanas para pesquisar novos modelos de aviões comerciais.

A Boeing vai desenvolver estudos para um novo avião supersônico, maior, mais eficiente e mais rápido do que o Concorde do século passado. A Lockheed Martin, também contribuirá com um estudo para um jumbo supersônico. Na área do transporte subsônico, ou seja, de aviões que voem a 900 quilômetros horários, como os Airbus de hoje em dia, o desafio é criar o chamado "avião ultraverde", que causará um impacto mínimo no meio ambiente.

A pesquisa com o "avião verde", também ficará a cargo da Boeing, empresa que começou projetando aviões de bombardeio, e hoje divide o mercado do transporte aéreo com a Airbus européia. Fala-se em motores movidos a hidrogênio, que produziriam apenas vapor de água como escapamento e de novas asas e fuselagem que reduziriam pela metade o consumo de combustível.

Os contratos envolvem uma soma de 12,4 milhões de dólares que serão divididos entre seis equipes industriais. É pouco, mas por enquanto ninguém vai construir nada. Os engenheiros devem apenas identificar as tecnologias que precisam ser desenvolvidas, os sistemas de propulsão e as fuselagens mais adequadas. Os grupos também devem determinar quais os avanços tecnológicos necessários para que os novos aviões comecem a voar entre 2030 e 2035, na terceira década do século vinte e um.

O último grande salto na tecnologia aeronáutica aconteceu em 1960, há meio século atrás. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos precisava de um enorme avião a jato, capaz de transportar tanques e um batalhão inteiro de soldados até as regiões de conflito na Ásia, do outro lado do planeta. Todas as grandes indústrias americanas apresentaram estudos e a Lockheed Martin venceu, construindo o C-5 Galaxy que, por muito tempo, foi o maior avião do mundo, até ser superado pelo Antonov russo, duas décadas depois.

A Boeing perdeu a concorrência, mas usou a tecnologia dos motores, criada para o Galaxy, para revolucionar o transporte aéreo com o Boeing 747 Jumbo. Com o jumbo, os aviões deixaram de ser estreitos charutos de metal e ganharam cabines com dez fileiras de poltronas, parecendo salas de cinema. Foi o início da era dos aviões subsônicos "wide body" (fuselagem larga) que continua até hoje.

À espera de mudanças
Os jatos usados atualmente pela empresas aéreas, como a família do Airbus 300, o Boeing 767 e 777 são sucessores do velho 747, do século passado.

O problema é que a velocidade desses aviões não aumentou em cinquenta anos. Eles ainda voam a 900 quilômetros horários, o que faz com que uma viagem do Brasil para a Europa dure doze horas e uma viagem ao Japão ou a Austrália, dure um dia inteiro. O resultado são passageiros cansados, estressados e já houve até casos de mortes, causadas por tromboses, geradas pelo aperto entre as poltronas da classe turística.

A aviação militar rompeu a barreira do som em 1950, mas a aviação comercial supersônica ficou restrita a um único modelo, o Concorde franco-britânico que voou de 1970 ao ano 2000 e não deixou um sucessor.

O Concorde foi uma grande realização tecnológica, mas um fracasso do ponto de vista comercial. Era estreito, apertado e consumia combustível demais, o que tornava muito alto o preço da passagem. Apenas duas empresas estatais voaram com ele, a Air France e a British Airways. Na década de 1960, enquanto os europeus construíam o Concorde, a Boeing tentou criar um jumbo supersônico, o Boeing 2707 que poderia levar até 400 passageiros a uma velocidade de Mach 2 (2400 quilômetros horários). Com ele, o tempo de viagem seria reduzido pela metade. Seria possível chegar na Europa em seis horas de vôo e no Japão em apenas doze horas. Mas o projeto enfrentou problemas e quando o governo cortou o financiamento, a Boeing desistiu do avião supersônico.

Em 1982, o governo do presidente Ronald Reagan tentou ir além do supersônico com o projeto do X-30, "Expresso do Oriente". O X-30 seria um avião hipersônico suborbital que voaria na fronteira do espaço sideral, a uma velocidade de mais de dez mil quilômetros horários.

O projeto ocupou a Nasa durante dez anos, mas fracassou quando os engenheiros foram incapazes de desenvolver o novo motor, um scramjato movido a hidrogênio. E a humanidade continuou aturando dias de viagem dentro de aviões lentos e desconfortáveis.

Se o novo projeto da Nasa der certo, a próxima geração pode voar com mais conforto e eficiência. Mas só em 2030.

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