Em meados de 1962, um grupo de radioamadores do Recife e Caruaru vinha tentando organizar uma expedição aos rochedos.
Em 67 conseguiram!!!
Navegue nessa expedição junto com os heróis dos Rochedos de São Pedro e São Paulo!
Navegue nessa expedição junto com os heróis dos Rochedos de São Pedro e São Paulo!
Montar uma estação de rádio nos rochedos de S. Pedro e
S. Paulo e de lá falar com o resto do mundo era um velho sonho de quase
todo radioamador brasileiro (pra você que anda meio esquecido da
Geografia, os Penedos de S. Pedro e S. Paulo são aqueles pontinhos
perdidos no Atlântico um pouco acima da linha do Equador e bem acima de
Fernando de Noronha.
Em meados de 1962, um grupo de radioamadores do Recife e Caruaru vinha tentando organizar uma expedição ao local.
Em 67 conseguiram!!!
PERSONAGENS
Tomaram parte da aventura aos rochedos pela Corveta
Ipiranga, radioamadores PY7ACJ – Salvador Remides, PY7AOA – Gastão C. de
Almeida, PY7ACQ – Plínio B. dos Santos, PY7AKW – Dausiley Caminha,
PY7ABU – Jaime A. de Melo, pesquisadores do Instituto de Biologia
Marinha da UFRN: Francisco J. da Cruz, Clementino C. Neto e José J. B.
Frota, o repórter Pedro L. Ferreira da revista O CRUZEIRO, a tripulação
da corveta: capitão de corveta Heitor A. B. Júnior, que tinha como
auxiliares os oficiais capitão-tenente Odilon L. Wollstein,
capitão-tenente Luis P. Schara e tenente Antônio E. Kazniakowski, o
tenente Ricardo Colluci e Paul-Antoine Evin, da reserva da marinha
francesa.
Exatamente às 18:35 do dia 15 de dezembro, a corveta
deixou o porto do Recife para uma jornada que iria durar quase oito
dias, percorrendo 633 milhas.
O OBJETIVO
Por que essa idéia fixa de ir aos penedos de S. Pedro e S. Paulo? É uma coisa que poucos entendem.
Acontece que no radioamadorismo existe
uma competição de âmbito mundial que consiste em os participantes
trabalharem o maior número de países (entendendo-se como país não só
aqueles que têm organização política própria, como também certas ilhas
oceânicas que distam mais de 150 milhas dos países aos quais estão
politicamente ligadas).
Em termos radioamadorísticos, no
Brasil somos quatro países! A parte continental brasileira, o
arquipélago de Fernando de Noronha, as ilhas Trindade e Martim Vaz e os
longínquos Penedos de São Pedro e São Paulo, este último considerado
"país virgem" naquele tipo de competição radioamadorística.
Era, então, necessário que se
desbravasse de uma vez por todas a região e era importante que isso
fosse feito por brasileiros. Mais de 25 mil radioamadores do mundo
inteiro estavam interessados no empreendimento.
OS ROCHEDOS
Gastão e Salvador ao farol. – (escaneado da revista "O CRUZEIRO") e Rochas cobertas de fezes dos pássaros. – (Acervo pessoal, PY7ACJ)
Constituem um agrupamento de rochas de origem
vulcânica. A rocha mais elevada tem 20m de altitude, sedo visível a uma
distância de 8 a 9 milhas. A parte mais elevada da maior rocha que fica
ao sul dos penedos é quase totalmente coberta de guano (excremento de
aves – foto à direita), o que lhe dá uma cor esbranquiçada.
Nesta elevação, ainda existe a armação de ferro, com
cerca de 6 metros, do antigo farol, que consiste em uma casa totalmente
construida em ferro e bronze, montada sobre uma sapata de alvenaria, já
corroído e oxidado. A casinha do farol continua de pé e foi construida
em 1930. Dentro da casa, outra sapata serve de base para o farol que
ainda lá se encontra. Nas rochas e no farol, várias inscrições.
TERRA À PROA
Eram 4h da manhã do dia 18, quando, depois de aproximadamente 60 horas de viagem, um marinheiro gritou:
-Terra à proa!!!
Era o
que todos esperavam. às 06:30h, lá estavam frente a frente com os
penedos, a uma distância de aproximadamente 100 metros, lá permaneceram
por cerca de duas horas, estudando uma maneira de como desembarcar e
escalar aquelas encostas escarpadas.
Cardumes de tubarões rondavam a corveta.
O comandante Barreira, temendo perder sua lancha de
desembarque, ordenou que seguisse para os rochedos uma jangada, levando
um cabo de quatrocentos metros de comprimento e dois tambores vazios. A
jangada esteve quase duas horas ao sabor das ondas, tentando
desembarcar. Seus tripulantes conseguiram afinal desembarcar, amarrando o
cabo em volta do farol e fazendo-o descer rocha abaixo até a água, onde
prendeu os dois tambores para servir de ancoradouro.
Foram descidos os equipamentos de radioamadores,
geradores de corrente, antenas, alimentos e todo o material necessário
ao desempenho da missão.
O MUNDO AO ALCANCE DOS HERÓIS
Há vários meses, o
grande assunto na faixa dos radioamadores de todo o mundo era a
expedição brasileira aos rochedos de São Pedro e São Paulo.
Radioamadores dos mais distantes pontos da terra escreveram para Recife,
pedindo detalhes e informações sobre a operação que agora chegava ao
seu ponto culminante.
A primeira estação a
entrar no ar foi a PY0DX, em telegrafia. Outra estação foi também
montada, para tentar operar em fonia, simultaneamente, com outro prefixo
PY0SP. Pequenos defeitos técnicos impediram, entretanto, a sua
concretização. Fez-se então a transmissão por revezamento de estações,
de hora em hora. Mais tarde, conseguiu-se a operação simultânea, logo
posta de lado devido mútua interferência.
Cerca de 25 mil estações de radioamadores tentavam se
comunicar com os brasileiros: Salvador, Plínio, Gastão, Dausiley e
Jaime se revezaram no manipulador MORSE e no microfone, de modo a manter
sempre uma das estações em atividade.
O primeiro contato foi estabelecido às 18:00h GMT do
dia 18/12. Tinha-se a impressão de que os radioamadores do mundo inteiro
tinham parado suas atividades normais, com a finalidade de escutar os
brasileiros. E nesse ritmo, efetuaram mais de 2.000 comunicações. O
último contato tivera sido feito às 15:32h GMT do dia 19/12 e não mais
foi possível fazer. O boletim meteorológico recebido pela estação de
rádio da corveta era ameaçador. Assim, o comandante Barreira resolveu
ordenar o término da operação e o imediato reembarque do pessoal.
Às 18:40h GMT do dia 19, a corveta Ipiranga deixou o
local após 44 horas, tendo percorrido 525 milhas, chegou ao porto da
Base Naval de Natal, onde atracou às 14:45h GMT, depois de realizar uma
das maiores promoções que o nome do Brasil já teve no exterior.
Considerada umas das regiões mais inóspitas do país
foto atual do São Pedro e São Paulo
Considerada umas das regiões mais inóspitas do país, o arquipélago está localizado a mais de 1.010 km da costa brasileira, pertencendo ao estado de Pernambuco, apesar de estar mais próximo a cidade de Natal (RN), e é também uma das áreas mais promissoras para a pesquisa, devido a diversidade de espécies e de informações geológicas.
Só é possível chegar a ilha de navio |
Com uma área de 17 mil m² e apenas 18 metros de altitude, São Pedro e São Paulo é um território guardado pela Marinha do Brasil, que mantém funcionando no local – há 14 anos – uma estação científica habitada constantemente por pesquisadores de diversas universidades (apenas uma ilha, a de Belmonte, é habitada e contém algum tipo de vegetação. O restante é ocupado por caranguejos e aves como o atobá-marrom).
Darwin passou por aqui
A história ensina que o nome do arquipélago se deu devido a um incidente
envolvendo a nau portuguesa São Pedro, em 1511, que se desgarrou da
armada que partiu de Portugal e veio se chocar com os rochedos, sem
chance de salvamento.
De acordo com a Marinha, o interesse pelo arquipélago também foi
despertado no naturalista Charles Darwin, que passou pelo conjunto de ilhas em
1831, a bordo do navio Beagle. Entretanto, imagens do arquipélago só teriam
sido divulgadas em no século seguinte.
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