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domingo, 1 de julho de 2012

heróis dos Rochedos de São Pedro e São Paulo!

Em meados de 1962, um grupo de radioamadores do Recife e Caruaru vinha tentando organizar uma expedição aos rochedos.
Em 67 conseguiram!!!
Navegue nessa expedição junto com os heróis dos Rochedos de São Pedro e São Paulo!


Montar uma estação de rádio nos rochedos de S. Pedro e S. Paulo e de lá falar com o resto do mundo era um velho sonho de quase todo radioamador brasileiro (pra você que anda meio esquecido da Geografia, os Penedos de S. Pedro e S. Paulo são aqueles pontinhos perdidos no Atlântico um pouco acima da linha do Equador e bem acima de Fernando de Noronha.
Em meados de 1962, um grupo de radioamadores do Recife e Caruaru vinha tentando organizar uma expedição ao local.
Em 67 conseguiram!!!

Antes do embarque - (foto do acervo pessoal PY7ACJ, Salvador Remides, Diego Sayron)
 PERSONAGENS
Tomaram parte da aventura aos rochedos pela Corveta Ipiranga, radioamadores PY7ACJ – Salvador Remides, PY7AOA – Gastão C. de Almeida, PY7ACQ – Plínio B. dos Santos, PY7AKW – Dausiley Caminha, PY7ABU – Jaime A. de Melo, pesquisadores do Instituto de Biologia Marinha da UFRN: Francisco J. da Cruz, Clementino C. Neto e José J. B. Frota, o repórter Pedro L. Ferreira da revista O CRUZEIRO, a tripulação da corveta: capitão de corveta Heitor A. B. Júnior, que tinha como auxiliares os oficiais capitão-tenente Odilon L. Wollstein, capitão-tenente Luis P. Schara e tenente Antônio E. Kazniakowski, o tenente Ricardo Colluci e Paul-Antoine Evin, da reserva da marinha francesa.
    
A tripulação - (foto do acervo pessoal PY7ACJ, Salvador Remides, Diego Sayron)

Exatamente às 18:35 do dia 15 de dezembro, a corveta deixou o porto do Recife para uma jornada que iria durar quase oito dias, percorrendo 633 milhas.


O OBJETIVO
Por que essa idéia fixa de ir aos penedos de S. Pedro e S. Paulo? É uma coisa que poucos entendem.
Acontece que no radioamadorismo existe uma competição de âmbito mundial que consiste em os participantes trabalharem o maior número de países (entendendo-se como país não só aqueles que têm organização política própria, como também certas ilhas oceânicas que distam mais de 150 milhas dos países aos quais estão politicamente ligadas).
Em termos radioamadorísticos, no Brasil somos quatro países! A parte continental brasileira, o arquipélago de Fernando de Noronha, as ilhas Trindade e Martim Vaz e os longínquos Penedos de São Pedro e São Paulo, este último considerado "país virgem" naquele tipo de competição radioamadorística.
Era, então, necessário que se desbravasse de uma vez por todas a região e era importante que isso fosse feito por brasileiros. Mais de 25 mil radioamadores do mundo inteiro estavam interessados no empreendimento.
OS ROCHEDOS
    
Gastão e Salvador ao farol. – (escaneado da revista "O CRUZEIRO") e Rochas cobertas de fezes dos pássaros. – (Acervo pessoal, PY7ACJ)

Constituem um agrupamento de rochas de origem vulcânica. A rocha mais elevada tem 20m de altitude, sedo visível a uma distância de 8 a 9 milhas. A parte mais elevada da maior rocha que fica ao sul dos penedos é quase totalmente coberta de guano (excremento de aves – foto à direita), o que lhe dá uma cor esbranquiçada.
Nesta elevação, ainda existe a armação de ferro, com cerca de 6 metros, do antigo farol, que consiste em uma casa totalmente construida em ferro e bronze, montada sobre uma sapata de alvenaria, já corroído e oxidado. A casinha do farol continua de pé e foi construida em 1930. Dentro da casa, outra sapata serve de base para o farol que ainda lá se encontra. Nas rochas e no farol, várias inscrições. 

Inscrições nas rochas.

TERRA À PROA
Eram 4h da manhã do dia 18, quando, depois de aproximadamente 60 horas de viagem, um marinheiro gritou:
-Terra à proa!!!
  
 Vista do desembarque nos Rochedos – A aproximação (acervo pessoal, PY7ACJ)

 Era o que todos esperavam. às 06:30h, lá estavam frente a frente com os penedos, a uma distância de aproximadamente 100 metros, lá permaneceram por cerca de duas horas, estudando uma maneira de como desembarcar e escalar aquelas encostas escarpadas.
Cardumes de tubarões rondavam a corveta.
O comandante Barreira, temendo perder sua lancha de desembarque, ordenou que seguisse para os rochedos uma jangada, levando um cabo de quatrocentos metros de comprimento e dois tambores vazios. A jangada esteve quase duas horas ao sabor das ondas, tentando desembarcar. Seus tripulantes conseguiram afinal desembarcar, amarrando o cabo em volta do farol e fazendo-o descer rocha abaixo até a água, onde prendeu os dois tambores para servir de ancoradouro.
Foram descidos os equipamentos de radioamadores, geradores de corrente, antenas, alimentos e todo o material necessário ao desempenho da missão.



O MUNDO AO ALCANCE DOS HERÓIS
Há vários meses, o grande assunto na faixa dos radioamadores de todo o mundo era a expedição brasileira aos rochedos de São Pedro e São Paulo. Radioamadores dos mais distantes pontos da terra escreveram para Recife, pedindo detalhes e informações sobre a operação que agora chegava ao seu ponto culminante.
A primeira estação a entrar no ar foi a PY0DX, em telegrafia. Outra estação foi também montada, para tentar operar em fonia, simultaneamente, com outro prefixo PY0SP. Pequenos defeitos técnicos impediram, entretanto, a sua concretização. Fez-se então a transmissão por revezamento de estações, de hora em hora. Mais tarde, conseguiu-se a operação simultânea, logo posta de lado devido mútua interferência.
  
PY0DX falando ao mundo
Cerca de 25 mil estações de radioamadores tentavam se comunicar com os brasileiros: Salvador, Plínio, Gastão, Dausiley e Jaime se revezaram no manipulador MORSE e no microfone, de modo a manter sempre uma das estações em atividade.
O primeiro contato foi estabelecido às 18:00h GMT do dia 18/12. Tinha-se a impressão de que os radioamadores do mundo inteiro tinham parado suas atividades normais, com a finalidade de escutar os brasileiros. E nesse ritmo, efetuaram mais de 2.000 comunicações. O último contato tivera sido feito às 15:32h GMT do dia 19/12 e não mais foi possível fazer. O boletim meteorológico recebido pela estação de rádio da corveta era ameaçador. Assim, o comandante Barreira resolveu ordenar o término da operação e o imediato reembarque do pessoal.
Às 18:40h GMT do dia 19, a corveta Ipiranga deixou o local após 44 horas, tendo percorrido 525 milhas, chegou ao porto da Base Naval de Natal, onde atracou às 14:45h GMT, depois de realizar uma das maiores promoções que o nome do Brasil já teve no exterior.
  
Instalação da antena – PY7ACJ em soneca (Acervo pessoal, PY7ACJ)




Considerada umas das regiões mais inóspitas do país
foto atual do  São Pedro e São Paulo







Considerada umas das regiões mais inóspitas do país, o arquipélago está localizado a mais de 1.010 km da costa brasileira, pertencendo ao estado de Pernambuco, apesar de estar mais próximo a cidade de Natal (RN), e é também uma das áreas mais promissoras para a pesquisa, devido a diversidade de espécies e de informações geológicas.




Só é possível chegar a ilha de navio     



Com uma área de 17 mil m² e apenas 18 metros de altitude, São Pedro e São Paulo é um território guardado pela Marinha do Brasil, que mantém funcionando no local – há 14 anos – uma estação científica habitada constantemente por pesquisadores de diversas universidades (apenas uma ilha, a de Belmonte, é habitada e contém algum tipo de vegetação. O restante é ocupado por caranguejos e aves como o atobá-marrom).





Darwin passou por aqui
A história ensina que o nome do arquipélago se deu devido a um incidente envolvendo a nau portuguesa São Pedro, em 1511, que se desgarrou da armada que partiu de Portugal e veio se chocar com os rochedos, sem chance de salvamento.
De acordo com a Marinha, o interesse pelo arquipélago também foi despertado no naturalista Charles Darwin, que passou pelo conjunto de ilhas em 1831, a bordo do navio Beagle. Entretanto, imagens do arquipélago só teriam sido divulgadas em no século seguinte.


No terreno irregular das ilhas também foi instalado um farol, que orienta grandes embarcações que passam próximo ao local em direção à Ásia ou América do Norte, como navios pesqueiros chineses.
 
 
 
 
 

































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