O radioamadorismo
foi uma vocação para experimentadores e comunicadores no
início do século passado quando se usavam freqüências mais
baixas do que as atuais de HF ( 1.8 a 30 MHz ). Nos dias de
hoje as faixas para radioamadores se situam para além dos 250
GHz. Até 1970, as bandas de HF foram o meio usado para
comunicações costa a costa e internacionais pelos
radioamadores, bem como as estações comerciais e
governamentais. Estas freqüências estavam então
sobrecarregadas de estações comerciais de toda natureza em
trafego mundial, assim como as comunicações amadoras cidade a
cidade, dx, contestes, redes de serviço público e
experimentos.
Mais
recentemente, os radioamadores reverteram este quadro,
colocando por vez primeira um repetidor na faixa de 2 metros,
propiciando um novo horizonte nas comunicações . A curiosidade
na comunicação intercontinental também foi aguçada pela
capacidade das bandas de HF.
A seguir faremos
uma pequena apresentação das características de cada faixa
entre 160 a 10 metros:
10
METROS:
Uma banda onde
novos e antigos operadores trabalham em comum é a de 10
metros.
Por sua
facilidade em trabalhar-se com pouca potência e antenas
relativamente pequenas e seu alcance ser mundial, esta faixa é
uma das preferidas dos iniciantes.
Por ser uma banda
de espectro grande 28000 a 29700, muitos modos são usados, cw,
ssb, fm, satélite, modos digitais, repetidores, entre outros.
No Brasil esta faixa é usada por todas as classes, exceto D. A
propagação está geralmente aberta, mesmo nos tempos de baixa
do ciclo solar. Muitos amadores conseguiram proezas em tempos
de “propagações magras “, trabalhando centenas de países
durante as poucas e curtas aberturas nas épocas de baixo fluxo
solar. Os 10 metros também nos mostra algumas características
das faixas altas de VHF, não escutar nenhum sinal nesta faixa
não quer dizer que não haja propagação e a banda esteja
fechada.
Aberturas curtas,
mas excelentes, são sempre possíveis. Descubra isto chamando
CQ ! A mais popular estação em 10 metros é um transceptor com
100W e um pequena tri-banda 10 / 15 /20, ou mesmo uma
monobanda curta em cima de um telhado. Amplificadores lineares
e antenas muito altas não são realmente necessários , porém,
instale sempre sua antena o mais alto que seja possível.
Pequenos rotores usados em antenas de TV vão facilmente
manejar esses conjuntos de irradiantes.
Por ser muito
larga a banda de operação em 10 metros, recomenda-se o uso de
um antenna tuner, para o caso de se trabalhar na parte alta e
baixa da banda, ou seja, fazendo FM e CW. Você poderá então
com muita facilidade trabalhar uma estação de um amigo a 200
Km ou uma ilha no Pacífico Sul. A ausência quase sempre de
estáticos, proporcionará que você opere sinais fracos ou
pile-ups e tenha chance de ser escutado.
15
METROS:
Talvez a mais
amada entre todas as faixas, as condições nesta banda são as
mais previsíveis para uso em DX. A operação em quinze metros é
mais comum nos tempos de baixa atividade solar. Nestas épocas,
os 15 metros se comportam melhor que a faixa de 10 metros ou
12. As comunicações continentais são possíveis praticamente
durante todo o dia. Esta é uma das causas porque a maioria das
redes se concentram nesta faixa, incluindo-se aí, os serviços
de emergência de meteorologia, cruz vermelha, departamentos
para o exterior dos EUA e as redes de DX. Nesta banda também o
tipo mais comum de antena é a três elementos tri-banda, mas
devido as condições especiais de propagação em certas épocas ,
é possível trabalhar estações longínquas com relativa
facilidade, principalmente ao nascer e por do sol .
20
METROS:
Se alguma
das faixas pode ser rotulada de “ cavalo de batalha
“, ou a “faixa da 4 estações “, os 20 metros certamente o
será. Na prática esta banda reúne os melhores operadores, as
estações mais potentes e as maiores antenas. É a faixa
preferida dos Honnor Roll que a usam para este fim. Mas também
é usada para comunicações no Brasil tendo em vista nossas
proporções continentais. Praticamente o mundo
radioamadorístico ocupa esta faixa, sendo ela a mais
congestionada de todas. É a mais popular para dx, sstv, cw,
operações digitais e um sem fim de utilizações.
A maioria dos
operadores utilizam 100 w e uma antena tri banda, conseguindo
lograr sucesso com incrível facilidade, por isso é considerada
a banda de elite do radioamadorismo. Em tempos passados a esta
faixa eram atribuídos poderes mágicos pois se lograva
comunicação com todos os países do planeta. Nos dias atuais os
20 metros permanecem sendo a principal via de comunicação
especialmente DX em épocas de atividade solar alta ou não.
Quando as condições de propagação estão favoráveis , é claro
que a quantidade de estações ouvidas pode até nos frustrar
devido a dificuldade de se escutar uma ou outra. A solução
então, virá com uma antena maior, ex. seis elementos, que
assim discriminará mais os sinais indesejáveis. Os comunicados
via long-path também são favorecidos nesta faixa.
40
METROS:
Eis a faixa que é
mais compartilhada com outros serviços. Não é raro se
encontrar estações comerciais, clandestinos e estações
broadcast de até 500 Kw operando neste local. Um problema para
os radioamadores, mas também um indicador de como está a
propagação. Uma estação de broadcast é um indicador seguro
muitas vezes. Durante o dia, 40 metros é uma banda de alcance
médio, até 2000 Km, mas a noite, nos é possível contatar
qualquer parte do mundo e v/c não precisa de 500 Kw.
40 metros é a
faixa mais importante para todo tipo de concurso, muitos
radioamadores possuem todos os países do mundo trabalhados
nesta faixa. Durante o dia, temos as rodadas, durante a noite
temos muitas redes de DX tentando trabalhar estações de outros
países operando em split, como alternativa para fugir das
broadcast e de outras interferências. A maioria das estações
de radioamador da região 2, estão limitadas à freqüência de
7000 a 7100.
Muitos
radioamadores dos EUA como exemplo, não podem operar abaixo de
7100, por isso quando tentamos lograr êxito em um cq dirigido
aos Estados Unidos, devemos chamar em split, com a escuta
acima de 7100, entre as broadcastings. Em cw e modos digitais
o procedimento para os EUA devem ser como nas demais bandas.
Claro que muitos comunicados dx podem ser feitos com uma
antena dipolo bem instalada nesta faixa, porém, devido as
condições terem variado muito nos últimos anos, com aumento
brutal de ruídos, uma antena direcional de 2 elementos dará
uma grande ajuda para os DX e também para os contestes.
Antenas verticais simples ou fasadas podem ser usadas com
grande sucesso. Para recepção as Beverage podem ser tentadas
em locais onde se disponha de espaço.
80
METROS:
As coisas que
muitos radioamadores pensam quando se menciona as bandas de 80
e 160 metros, é sempre o tamanho das antenas, gigantescas, e a
série de ruídos encontrados nessas faixas. Mas, lembrem-se que
os primeiros radioamadores estavam restritos a operar na faixa
de 200 metros e abaixo disto! Essas faixas foram muito
populares muitos anos antes de nossos sofisticados
equipamentos e programas de computador para projetar antenas.
Antes de se
popularizarem as repetidoras operando em 2 metros no início da
década de 70, muito do tráfego local, redes e tráfego de
emergência era realizado na faixa de 80 metros.
Para comunicados
regionais, antenas de faixa estreita, dipolos encurtados,
antenas verticais e outros arranjos combinados com acopladores
de antena garantem uma regular performance. Dipolos full-size
em V invertido, proporcionam bom sinal em comunicados a
algumas centenas de quilômetros, porém o ruído também se faz
presente. Para comunicados a longa distância, DX , v/c deve
posicionar sua antena dipolo horizontal a pelo menos 15 metros
de altura ( espaço livre ) ou mais.
Tudo é valido
para conseguir-se o intento, postes, árvores etc. Para se
chegar a marca de 250 ou mais países em 80 metros, outros
arranjos são feitos: Antenas fasadas, slopers, verticais em
fase, dispositivos e antenas de baixo ruído só para recepção
etc... Dependendo de seu poder aquisitivo, existem antenas
direcionais de 4 elementos, pela bagatela de US$ 4000,00 ...
mas não são muito populares.
Os 80 metros
representam sempre um obstáculo a quem está pretendendo o DXCC
nas 5 bandas ( 5 Band DXCC ) ou o diploma WAZ ( Worked all
Zones ), não são muitos radioamadores no mundo que conseguem
tal proeza, o que torna –se uma experiência inesquecível para
quem o fez. O que todos tem a dizer, é que a última zona
trabalhada, foi uma zona de muito pouca população e que
existiam muito poucos radioamadores lá! Para se contatar
algumas zonas e/ou países, requer-se conhecimento de
propagação, gray – line, muitas horas de sono perdidas, baixo
ruído, expedições operando, bons ouvidos, e principalmente
PERSISTÊNCIA! Depois de você ter treinado muito em 80 metros
você poderá tentar outro desafio ... os 160 metros.
160
METROS:
Conhecida como a
“Top Band “, os 160 metros é a faixa dos experts. Os
operadores desta banda se dedicam muito ao estudo e
experiência com os mais variados tipos de antenas.
Outros
operadores, alem, dos experimentadores que estão na faixa, são
os Dx-ers. Durante o dia os 160 metros não nos oferecem nada
além do ruído. Você pode encontrar um ruído típico e estranho
de aproximadamente 15 kHz que é o harmônico de algum aparelho
de TV local. Durante o verão, podemos escutar os estáticos
provocados pelas tempestades a centenas de quilômetros.
Durante a noite as coisas mudam e muitas estações são ouvidas,
principalmente na primavera e no outono. Podem ser ouvidos
fortes sinais, principalmente em CW e também atividade em
fonia.
Existe uma
variedade muito grande de antenas encurtadas que quando
instaladas com o devido cuidado, proporcionarão bons contatos
locais. Trabalhar Dx em 160 metros envolve fazer muitas
descobertas. Envolve principalmente um trabalho árduo de caça.
Se você espera encontrar sinais fortes na banda em qualquer
dia do ano e a qualquer hora que ligue o rádio, está enganado!
Eles são no geral muito mais fracos dos que os normalmente
encontrados em outras bandas baixas. A primeira providência é
a mudança radical para tentar melhorar a relação sinal / ruído
na recepção. Como solução inicial a instalação de antenas
Beverage ou de quadro.
Uma técnica usada
também é o uso da antena de 40 metros para auxiliar na cópia
de sinais fracos. No geral, usa-se uma antena para transmissão
e outra para recepção.
As torres usadas
para suportar as antenas de Hf podem ser usadas para suportar
as L invertidas, outra boa opção para essa banda. Tenha em
mente que as condições podem ser diferentes em 160 metros,
tais como QSB, ruído e propagação podem ser exatamente ao
contrário no mesmo dia e na mesma hora aos encontrados em 80
metros.
AS BANDAS
WARC 12 / 17 E 30 METROS
A WARC,
Conferência Mundial Administrativa de Rádio em 1979, incluiu
as bandas de 12, 17 e 30 metros e os radio amadores tiveram
direito ao uso em 1989. Essa novas bandas possuem as mesmas
características das bandas adjacentes às suas freqüências, mas
diferentes na propagação e no tamanho físico das antenas.
Outra diferença é a pequena porção destinada aos comunicados.
Cada banda tem
suas vantagens em relação aos horários, como exemplo, a banda
de 10 metros pode estar com a propagação fechada e a de 12
metros em plenas condições no mesmo horário. Apesar de estarem
perto uma da outra, as condições podem estar totalmente ao
contrário. Os 17 metros , uma faixa surpreendente, pois as
condições são como as dos 20 metros, de alcance mundial e
condições de propagação excelentes na maior parte do ano. Os
30 metros, limitados ao uso de CW e modos digitais e 200 W de
potência, proporciona boas condições propagatórias. Vale a
pena ser usada! Devido a falta de operadores brasileiros nesta
faixa, nos divertiremos muito provocando Pile-Ups de europeus
e norte americanos.
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