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domingo, 7 de agosto de 2011

PADRE LANDEL DE MOURA

LANDEL DE MOURA A história do radioamadorismo se inicia com os experimentos do Padre brasileiro Roberto Landell de Moura e do italiano Guglielmo Marconi, que estabeleceram as primeiras transmissões de rádio no final do século XIX e início do século XX.
Através do grande senso empresarial, Marconi fundou na Inglaterra uma empresa (The Marconi Company), e com investimentos de empresários continuou seus experimentos e investigações. Já Roberto Landell de Moura jamais explorou comercialmente o seu trabalho.
Posteriormente amadores observaram que podiam também se comunicar a longa distância como faziam as estações comerciais.
Em face disto, foi criada em 1914 a Associação Americana de Radioamadores (The American Radio Relay League – ARRL) , que foi incumbida a estabelecer normas para este novo serviço que estava nascendo.
Veio a Primeira Guerra Mundial que causou uma suspensão nas atividades e após o conflito o governo americano mostrava-se receoso em autorizar qualquer tipo de transmissões. Porém devido a grande quantidade de militares que se envolviam a esta nova atividade e graças aos esforços de Hiram Percy Maxim, um dos fundadores da ARRL, o radioamadorismo foi liberado oficialmente em 01 de outubro de 1919.
Em 1920 as primeiras conferências internacionais estabeleceram alguns critérios nas comunicações e para os radioamadores ficaram definidas freqüências em várias bandas entre 160 a 6 metros..
Local de onde Marconi Realizou a primeira transmissão sem fio em 1899 e Qsl comemorativo de 100 anos do evento.

BRASILEIRO É O PIONEIRO DA RADIODIFUSÃO MUNDIAL
O cientista e inventor brasileiro Padre Roberto Landell de Moura, (1861-1928) é o pioneiro mundial na transmissão da palavra humana utilizando o rádio, ou seja, ele é o verdadeiro precursor da radiodifusão, (transmissão e recepção radiofônicas).
É bom lembrar que o rádio que Marconi inventou, só transmitia e recebia sinais de telegrafia (CW), sendo portanto o pioneiro na radiotelegrafia - telégrafo sem fio - não tendo se interessado ou conseguido transmitir em fonia.
Segundo o Eng. Eletrônico e Eletricista Nicolas Dachin, em artigo publicado na revista Antenna em jan/1969, o registro da segunda transmissão da palavra humana deu-se em 25 de Dezembro de 1900, feito consignado ao Canadense-norte-americano Reginald Aubrey Fessenden.
Gaúcho, Padre Landell desenvolveu seus estudos e experiências a partir de 1893, especialmente em Campinas e São Paulo (capital).
Vale ressaltar que diversos autores fazem referências a experiências realizadas a partir de 1893/4, mas que ainda não foram comprovadas.
O Jornal "O Estado de São Paulo" em sua edição de 16 de julho de 1899 noticiava que o Pd Landell estaria às 09:00hs no Colégio das Irmãs São José, em Santana, para realizar uma experiência de telefoneia sem fios, na presença de autoridades, homens da ciência e imprensa.
Infelizmente não foi encontrado nenhuma notícia informando do resultado da experiência. Entretanto, é bom ressaltar, se o Pd Landell naquela época já realizava demonstrações públicas de seuis inventos, é uma demonstração cabal de que já tinha obtido exito em experiências efetuadas em Laboratório.
Comprovadamente, Pd Landell efetuou uma demonstração pública de seu invento, na cidade de S. Paulo, no dia 03 de junho de 1900.
A sua vitoriosa experiência em 1900 foi assim noticiada pelo Jornal do Comércio de 10 de junho de 1900:
"No domingo próximo passado, no alto de Santana, cidade de São Paulo, o Padre Landell de Moura fez uma experiência particular com vários aparelhos de sua invenção, no intuito de demonstrar algumas leis por ele descobertas no estudo da propagação do som, da luz e da eletricidade através do espaço (...), as quais foram coroadas de brilhante êxito. (...) Assistiram a esta prova, entre outras pessoas, o Sr P.C.P. Lupton, representante do Govêrno britânico, e sua família".
Injustiçado e incompreendido, o êxito das experiências do padre Landell não tiverem a merecida acolhida pela imprensa e autoridades brasileiras da época, o que causou uma grande decepção ao ilustre cientista, conforme se verifica em reportagem publicada no jornal "La Voz de Espanã" (editado em S. Paulo), no dia 16 de dezembro de 1900 em que diz: "(...)quantas e que amargas decepções experimentou Padre Landell ao ver que o governo e a imprensa de seu país, em lugar de o alentarem com aplauso, incentivando-o a prosseguir na carreira triunfal, fizeram pouco ou nenhum caso de seus notáveis inventos(...)".
Em 1903, Arthur Dias, em seu livro "Brazil Actual" faz referência a Landell de Moura, descrevendo, entre outras coisas, o seguinte: "...logo que chegou a S. Paulo, em 1893, começou a fazer experiências preliminares, no intuito de conseguir o seu intento - transmitir a voz humana a uma distância de 8, 10 ou 12 kilometros, sem necessidade de fios metálicos. Após alguns mezes de penosos trabalhos, obteve excellentes resultados com um dos apparelhos construidos(....)O telefone sem fios é reputado a mais importante das descobertas do Padre Landell, (...)e as diversas experiências por ele realizadas na presença do cônsul inglês de S. Paulo, Sr. Lupton, e de outras pessoas de elevada posição social, foram tão brilhantes que o Dr Rodrigues Botet, ao dar notícias desses ensaios, disse não estar longe o momento da sagração do Padre Landell como autor de descobertas maravilhosas (...)".
Observem que o livro foi escrito apenas 10 anos após o início das experiências de Landell de Moura em 1893, e 03 anos depois da vitoriosa demonstração pública de 1900. Na época da publicação do livros, Pd Landell estava nos USA patenteando seus inventos.
Os fatos não desanimaram Landell de Moura, que em 09 de março de 1901 obteve para seus inventos a patente brasileira nº 3.279.
Meses depois seguiu para os USA, e em 04 de outubro de 1901 deu entrada de requerimentos no The Patent Office of Washington pedindo privilégio para suas invenções, tendo obtido, após muito sacrifício pessoal, em 11 de outubro de 1904 a patente 771.917 , para um transmissor de ondas; a 22 de novembro de 1904, a patente 775.337 para um telefone sem fio e a 775.846 para um telégrafo sem fio.
Seu trabalho foi notícia em 12.10.1902, no Jornal americano "The New York Herald", em reportagem sobre experiências desenvolvidas na época, inclusive por cientistas nos USA, Alemanha e Inglaterra, na transmissão de sons sem uso de aparelhos com fio.
Ressalta o jornal: ..."Por entre os cientistas, o brasileiro Padre Landell de Moura é muito pouco conhecido. Poucos deles tem dado atenção aos seus títulos para ser o pioneiro nesse ramo de investigações elétricas...Mas antes de Brigton e Ruhmer, Padre Landell, após anos de experimentação, conseguiu obter uma patente brasileira para sua invenção, que ele chamou de Gouradphone...".
O jornal publica uma ampla reportagem sobre Landell de Moura, sua vida e obra, completada por uma fotografia do Padre, intitulada: "Padre Landell de Moura - Inventor do telefone sem fio".
É importante ressaltar que a reportagem acima foi escrita em um jornal americano, por jornalistas que conviveram com Landell de Moura, e reconhecem que os seus feitos foram pioneiros.
Em 07 de setembro de 1984, em Porto Alegre, após um magnífico trabalho de reconstrução coordenados pelo Prof Otto Albuquerque, pela CIENTEC (Fundação de Ciência e Tecnologia do RS) e a FEPLAN (Fundação Educacional Padre Landell de Moura), foi feita uma demonstração pública utilizando-se um rádio montado com os mesmos materias usados à época por Landell de Moura, tendo sido transmitidas algumas palavras pronunciadas pelo então Governador Jair Soares.
A réplica do rádio encontra-se na FEPLAM em Porto Alegre.
Mas não paramos por aqui...
Diversos artigos já foram publicados artigo em dezenas de revistas e jornais brasileiros e no exterior, narrando as experiências pioneiras de Landell de Moura.
O Prof. Otto Albuquerque em seu livro "No Ar a Luz que Fala", e o Eng. Iwan Halasz, no livro "Handbook do Radioamador", fazem minucioso estudo técnico dos aparelhos inventados por Landell de Moura, não deixando margens à dúvidas do seu pioneirismo e funcionalidade.
O escritor Ernani Fornari, e o jornalista e estudioso B. Hamilton Almeida, (entre outros) publicaramlivros baseados em extensa pesquisa nos documentos doados por herdeiros do Pd. Landell, bem como em pesquisas nas cidades em que ele viveu, demonstrando, o pioneirismo de suas invenções.
No decorrer dos anos, dezenas de artigos foram publicados ressaltando os feitos de Landell de Moura, em jornais e revistas no Brasil, (como p. exemplo, A Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil, Zero Hora, Veja, Superinteressante, Rev. das Invenções) bem como em Portugal, USA, Alemanha, Argentina, Uruguai e Áustria.
As anotações deixadas por Landell de Moura foram alvo de minucioso estudo realizado pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da antiga TELEBRÁS, situado em Campinas/SP, (que diga-se de passagem leva o nome do Padre Landell de Moura), tendo se concluído pela validade de suas teorias.
Os originais das anotações estão em Porto Alegre, no Museu Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES:
Nascido em Porto Alegre em janeiro de 1861, Landell de Moura teve formação eclesiástica em Roma. Ordenado sacerdote em 1886, voltou para o Brasil e desempenhou atividades religiosas até sua morte, também em Porto Alegre, já no importante cargo de Monsenhor.
Em Roma iniciou seus estudos de física e eletricidade, nos quais aperfeiçoou-se como auto-didata no Brasil. É bom lembrar que aqui, Landell de Moura estava isolado dos grandes centros de pesquisas da época, especialmente França, Inglaterra e USA, só tomando conhecimento dos avanços tecnológicos que ali ocorriam meses depois, pelas poucas publicações que chegavam ao nosso país.
CONCLUSÃO:
Landell de Moura, um inventor e cientista que desenvolveu suas experiências em nosso País, com parcos recursos técnicos e financeiros, estranhamente, até hoje, é um ilustre desconhecido da maioria absoluta do povo, governo e comunidade científica, inclusive no Brasil.
Num país ainda tão carente em apoiar e desenvolver sua produção técnica e científica, deixar de prestigiar a obra de Landell de Moura, é desperdiçar a oportunidade de reconhecer para a posteridade os feitos e a glória de um dos grandes gênios brasileiros.

GUGLIELMO MARCONI
25.04.1874 à 19.06.1937
Guglielmo Marconi nasceu na cidade de Bolonha, no dia 25 de abril de 1874, filho de Giuseppe Marconi e de Annie Jameson, de nacionalidade inglesa e descendente de irlandeses.
Em 1880 estudou em Florença, no Instituto Cavallero, em via delle Terme. Era um menino solitário e esquisito que não conseguia fazer muitas amizades..
Em 1885 freqüentou uma escola na cidade de Livorno. Seu interesse foi despertado pelas obras de Franklin, Volta, Galvani, Maxwell e Hertz. Ao invés de brincar, passava seu tempo construindo pequenos aparelhos..
De 1887 à 1889 estudou, com dois professores particulares, física e eletromagnetismo. Foi influenciado, também, pela obra do físico italiano Calzecchi-Onesti..
Em 1890 voltou para Villa del Grifone, em Pontecchio, perto de Bolonha, onde os pais haviam passado a morar, recusando-se a continuar os estudos e a freqüentar um liceu..
Passava seu tempo pescando, lendo e realizando pequenas experiências científicas sem muita importância. Viveu um caso amoroso, breve e sem conseqüências, com uma sua prima inglesa, Daisy Prescott..
Em 1893 construiu, por brincadeira, uma campainha que tocava a cada relâmpago no céu. Conheceu Augusto Righi, grande físico italiano, inventor do coherer. Righi o protegeu e o encaminhou a experiências mais sérias..
Em 1894 passou um breve período de férias, juntamente com o irmão Luigi, numa estação climática do Biellese, nos Alpes. Nessa cidade leu um dos últimos artigos de Hertz. Voltou para casa, recomeçando a estudar e pesquisar a transmissão a distância de ondas eletromagnéticas. .
Em 1895, no mês de setembro, realizou sua primeira experiência , entre a janela do sótão onde havia montado seu laboratório, e um aparelho receptor colocado a breve distância, no campo. Nos dias seguintes repetiu a experiência, com sucesso, dessa vez deixando uma colina como obstáculo às ondas hertzianas. Aplicou antenas aos aparelhos de transmissão e de recepção, descobrindo, assim, o acessório básico da radiotelegrafia. Obteve a patente de nº. 12.039. O governo italiano se recusou a ajudá-lo..
Em 1896, no mês de fevereiro, partiu para a Inglaterra, onde os parentes o apresentaram a sir William Preece, diretor dos Correios e Telégrafos. Realizou experiências no teto do Post Office e na planície de Salisbury, conseguindo uma transmissão de ondas a mais de 4 mil metros de distância..
Em 1897 fez uma ligação radiotelegráfica entre Pernarth e Weston, distantes 15 quilômetros. Fundou a Wireless Telegraph Co. Ltd. Foi convidado para realizar experiências na Itália, à presença do rei. Voltou para a Inglaterra no dia 7 de outubro.
Em 1898, no mês de junho, inaugurou o serviço telegráfico entre a ilha de Wight e Bournemouth, a 23 quilômetros de distância. Transmitiu por rádio os resultados das regatas de Kinston, ao jornal Daily Express de Dublin, com grande sucesso..
Em 1899 instalou seus aparelhos a bordo de muitos navios do Almirantado britânico e do governo italiano. Ligou o iate real, a bordo do qual viajava o futuro rei Eduardo VII, com a ilha de Wight..
Em 1900 descobriu e aperfeiçoou a sintonização dos aparelhos radiotelegráficos, obtendo, para isso, a patente nº. 7.777. Enfrentou uma grande campanha de difamação, organizada pelos donos das companhias de cabos ransoceânicos..
Em 1901 transferiu-se para a Cornualha, onde, em Poldhu, dirigiu os trabalhos para a instalação de uma estação radiotelegráfica de grande potência. Realizou uma experiência, transmitindo a 300 quilômetros de distância, entre Cape Lizard, na Cornualha, e Santa Catarina, na ilha de Wight. No dia 17 de setembro uma grande tempestade atlântica derrubou as instalações de Poldhu, Ele reconstruiu a estação, de maneira mais simples e perfeita. No dia 16 de novembro partiu para a Ilha de Terra Nova, ao largo do Canadá; no dia 12 de dezembro efetuou a primeira transmissão transoceânica radiotelegráfica, provando que as ondas hertzianas podiam superar a curvatura terrestre..
Em 1902 ganhou um processo movido pelos donos das companhias telegráficas de cabos transoceânicos. Empreendeu novas viagens, voltando para a Inglaterra no mês de junho. Expansão rápida dos negócios. Começou a construção de uma estação radiotelegráfica em Glace Bay, no Canadá. Adaptou o telefone ao aparelho receptor radiotelegráfico. Estudou a estática e a interferência atmosférica. De volta à Europa, é recebido pelo rei da Itália, em Racconigi. Partiu, no dia 5 de novembro, para o Canadá, onde tentou estabelecer um contato radiotelegráfico auditivo entre a estação de Glace Bay e a de Poldhu, na Inglaterra..
No dia 19 de fevereiro de 1903 a experiência é coroada de êxito. Recebeu novas homenagens em todo o mundo..
Em 1904 viveu um caso amoroso com Josephine Holman. Fundou, em Nova York, a American Marconi Company. Novo caso amoroso, dessa vez com Inez Milholland. Em Londres, conheceu Beatriz Inchiquin O’Brien. Seu pedido de casamento é recusado pela jovem. Viajou para a Turquia e península balcânica..
Em 1905 falou-se em um seu noivado com Giacinta Ruspoli. No mês de fevereiro voltou para Londres e pediu novamente em casamento Beatriz Inchiquin O’Brien. Foi aceito. A cerimônia foi realizada no dia 16 de março, na Igreja de St. George. Voltou rapidamente a suas experiências e negócios..
Em 1906 nasceu sua primeira filha, Lúcia, que morre, todavia, poucos dias depois. Em 1908 nasceu outra filha, chamada Degna..
Em 1909 os náufragos do navio inglês “Republic” são salvos mediante emprego de mensagens radiotelegráficas de socorro. Ganha o Prêmio Nobel de física..
Em 1910 nasceu seu único filho, Giulio..
Em 1911 inaugurou a estação de Coltano, perto de Pisa, na Itália. Num acidente de automóvel, perdeu seu olho direito..
Em 1912 a utilidade da radiotelegrafia é confirmada pelo salvamento de quase oitocentos náufragos do “Titanic”, um poderoso transatlântico, que viajava para Nova York em sua viagem inaugural. Continua as pesquisas e fortalece sua posição financeira..
Em 1914 é nomeado pelo rei da Itália senador..
Em 1915 participou com a patente de contra-almirante da Primeira Guerra Mundial..
Estudou o emprego de ondas curtas..
Em 1916 nasceu Gioia Jolanda, sua terceira filha. .
Em 1919 fez parte da delegação italiana à Conferência de Paz, realizada em Paris. Comprou do Almirantado britânico um iate, “Elettra”, que o transformou em seu laboratório particular..
Em 1920, no dia 15 de junho, a Estação Marconi de Chelmsford, na Inglaterra, transmitiu o primeiro concerto musical da história, com a participação do soprano Nellie Melba. Agregou-se aos legionários de D’Annuzio, na ocupação revolucionária da cidade de Fiume, na Istria. .
Em 1922 continua as pesquisas sobre as ondas curtas. Divergências com a esposa..
Em 1923 inscreveu-se no Partido Fascista italiano. Obteve a anulação de seu casamento com Beatriz Inchiquin O’Brien..
Em 1924 realizou experiências com as ondas curtas de 30 metros de comprimento, aperfeiçoando e potenciando ainda mais os aparelhos transmissores e receptores do rádio..
Em 1925 viveu um caso amoroso extravagante, com uma jovem de apenas 17 anos, certa Betty Painter..
Em 1927 casou com a condessa Maria Cristina Bezzi-Scala, de 26 anos de idade..
Em 1930, no dia 26 de março, iluminou da cidade de Gênova, na Itália, por rádio, o Palácio Municipal de Sydney, na Austrália, a 22.500 quilômetros de distância. No dia 21 de junho nasceu a única filha, de nome Elettra, de seu segundo casamento. No mês de setembro foi eleito membro da Academia Real da Itália. Foi nomeado, também, marquês..
No dia 12 de outubro de 1931, de Roma, iluminou, juntamente com o Papa , a estátua do Cristo Redentor do Rio de Janeiro, no morro do Corcovado..
Em 1933, na noite de 03 de outubro acendeu, com o mesmo sistema, todas as lâmpadas da Exposição Internacional de Chicago. Os americanos oficializaram o “Marconi Day” em sua homenagem. Inaugurou uma linha telegráfica entre o Vaticano e Castelgandolfo, residência de verão dos pontífices..
Em setembro de 1935 viajou para o Brasil, onde foi recebido de maneira calorosa. Por causa da chuva, ficou dois dias acamado. Inaugurou a Rádio Tupi. Recebeu o título de cidadão honorário de São Paulo. Foi acometido por um ataque de angina durante uma grande recepção no Teatro São Paulo, no bairro da Liberdade..
Em 1937 é nomeado membro do Grão-Conselho do Fascismo. Comprou uma casa em Roma, na via Condotti. No mês de março sofreu mais um grave ataque de angina pectoris. No dia 17 de junho visitou o Papa em Castelgandolfo. No dia 18 acompanhou a mulher e a filha até a estação, de onde os familiares partiram para a cidade de Viareggio. Ele ficou em Roma. No mesmo dia é acometido por mais um grave ataque, morrendo às 03:45 horas da manhã do dia 19.

DIA DO RADIOAMADOR – 05 DE NOVEMBRO

A necessidade inerente aos seres humanos de se comunicar o mais rápido possível levou, em 1835, Samuel Morse a criar um código, que através da interrupção da corrente elétrica com intervalos curtos (pontos) e longos (traços) tornaria possível a comunicação remota entre indivíduos, nascendo a telegrafia, em inglês CW. Este código em homenagem ao seu criador é denominado Código Morse.
Com a criação em 1906, nos Estados Unidos da América, de uma rede telegráfica costeira para tráfego operacional, seus operadores, em momentos de folga, a usavam para conversação informal. Esta atividade cada vez mais intensa podemos citar como o início da atividade radioamadorística em telegrafia, que só foi regularizada uma década após.
A comunicação através da palavra humana utilizando as ondas eletromagnéticas de rádio foi inventada pelo brasileiro Padre Roberto Landell de Moura. Convém citar que o rádio inventado pelo italiano Guglielmo Marconi só transmitia e recebia sinais de telegrafia, aqueles criados por Morse.
Alguns autores citam que o gaúcho Landell de Moura começou suas experiências a partir de 1893/4 ainda não comprovado, porém comprovadamente efetuou uma demonstração pública acompanhada, inclusive, por autoridades estrangeiras, no dia 03 de junho de 1900, na cidade de São Paulo, feito noticiado pelo ‘’Jornal do Comércio’’ de 10 de junho de 1900:
‘’ No Domingo próximo passado, no alto de Santana, cidade de São Paulo, o Padre Landell de Moura fez uma experiência particular com vários aparelhos de sua invenção, no intuito de demonstrar algumas leis por ele descobertas no estudo da propagação do som, da luz e da eletricidade através do espaço (...), as quais foram coroadas de brilhante êxito (...) assistiram a esta prova, entre outras pessoas, o Sr. P.C.P. Lupton, representante do Governo britânico, e sua família’’.
As autoridades brasileiras de então e a imprensa não deram valor as experiências de Landell de Moura. Como foi ressaltado pela imprensa no jornal “La voz de España”, editado em São Paulo, do dia 16 de dezembro de 1900. Isto, porém nada o desanimou, sendo que em 09 de março de 1901 obteve para os seus inventos a patente brasileira n° 3.279 e em 11 de outubro de 1904, após muito sacrifício pessoal, a patente n° 771.917, do ‘’The Patent Office of Washington’’, para um transmissor de ondas; em 22 de novembro de 1904, patente n° 775.337 para um telefone sem fio e a de nº 775.846 para um telégrafo sem fio.
As anotações feitas por Roberto Landell de Moura por ocasião de seus estudos e experimentos foram minuciosamente estudadas pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, da antiga TELEBRÁS, tendo se concluído pela validade de suas teorias. Este centro leva o nome de Padre Landell de Moura. Os originais destas anotações estão guardados no Museu Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul. Seus estudos e seus inventos levaram a aparecer outros brasileiros que desejavam transmitir e receber a voz humana emitida de locais cada vez mais distantes. Surgem desta forma os primeiros radioamadores e por não ser uma atividade regulamentada eram considerados clandestinos.
São Paulo e Rio de Janeiro foram os primeiros Estados do Brasil a possuírem radioamadores, seguidos do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pernambuco e Pará.
Pesquisas nos indicam que o primeiro radioamador brasileiro foi Lívio Moreira, em 1909. Ele era telegrafista profissional do Departamento de Correios e Telégrafos. Usava o indicativo SB-3IG.
Mais tarde em 1922 surgiu Demócrito Seabra que usava o indicativo SB-2AJ, Seu cartão ostentava as letras WS, abreviatura “wireless station”, nome pelo qual eram denominadas as estações que operavam a bordo de navios. Pouco antes de Demócrito surgiu José Jonotskoff de Almeida Gomes, que operou a estação de “broadcasting” da Westinghouse, instalada no Alto do Corcovado, no Rio de Janeiro, de onde transmitiu, em 1922, numa demonstração, para o recinto da Exposição do Centenário da Independência do Brasil.
Verificamos que o Radioamadorismo existia no Brasil desde 1909, mas não era regulamentado, naquela época eram perseguidos pelas autoridades, por serem considerados clandestinos em uma atividade que era considerada privativa do Estado, particularmente das Forças Armadas.
Em 05 de novembro de 1924, ou seja, exatamente há setenta e sete anos passados, o Governo Brasileiro pelo Decreto n° 16.657, que passou a legislar sobre o Serviço de Radioamadorismo, reconhece o Radioamadorismo, tirando da clandestinidade os seus praticantes e obrigando-os a submeter-se a exames para obter a sua licença.
Os primeiros exames foram realizados pelo antigo DCT em janeiro de 1925, no Rio de Janeiro, e em fevereiro de 1926, em São Paulo.
Na década de trinta surgem no Brasil duas entidades reunindo estes praticantes: uma em São Paulo e outra na Capital da Republica, o Rio de Janeiro, sendo que em 02 de fevereiro de 1934 estas se uniram e foi criada a LIGA DE AMADORES BRASILEIROS DE RADIOEMISSÃO – LABRE, hoje Confederação Brasileira de Radioamadorismo, como a legitima e única representante dos radioamadores brasileiros, tanto no âmbito nacional como internacional, até os dias de hoje.
Em 29 de junho de 1943, pelo Decreto-Lei nº 5.629, o Governo Brasileiro considerando o trabalho desenvolvido por estes abnegados concidadãos, que sempre que são chamados a colaborar estão prontos e não medem esforços para melhor o fazer, considera os radioamadores reservistas do Exército e da Aeronáutica, reserva especial da Forças Armadas, dando-lhes algumas regalias e considerando a sua entidade, a LABRE, como Associação Civil de Utilidade Pública.
Os tempos passam, as ciências evoluem, mas os Radioamadores continuam a ser aqueles experimentadores científicos e de suas atividades novos inventos vem trazer melhorias para a humanidade.
O correio eletrônico da Internet de hoje nada mais é que uma decorrência das rudimentares estações de ‘’packet radio”, ou simplesmente estações de radio pacote.
Muitos gostam de afirmar que a evolução da informática fez diminuir o desenvolvimento do Radioamadorismo, não somos seguidores desta afirmativa muito pelo contrário, aceitamos dizer que esta evolução veio complementar a atividade radioamadorística.
O dia 5 de Novembro foi escolhido para ser comemorado o Dia do Radioamador Brasileiro por uma decisão unânime do antigo Conselho Federal da LABRE, como preito de gratidão ao Presidente Arthur Bernardes pelo seu Decreto de 1924.

RADIOAMADORISMO é CIÊNCIA, ESPORTE e CULTURA.

Ciência: pelos constantes estudos, experimentos e pesquisas dos seus praticantes e, principalmente, pela difusão ininterrupta e constante de seus resultados no nosso próprio meio e mesmo no mundo científico.
Esporte: pelas diversas competições existentes, seja de âmbito municipal, estadual, nacional ou internacional, ocasião em que se confrontam esportiva e lealmente indivíduos de todas as camadas sociais e profissionais das sociedades nacional ou internacional. Não se espantem se em breve o radioamadorismo vier a se constituir em uma das modalidades olímpicas.
Cultura: pela troca constante de informações das mais diversas naturezas entre seus praticantes, sem, contudo serem abordados assuntos religiosos, políticos e comerciais, salutar entretenimento em que fala sobre a sua localidade (bairro, município, região e país), sua gente, seus costumes, sua língua, seus divertimentos, seus monumentos, seus fatos históricos, sendo que no ano passado, juntamente com a sua co-irmã portuguesa, a Rede de Emissores Portugueses – REP, a LABRE instituiu e distribuiu um maravilhoso diploma comemorativo dos 500 Anos do Descobrimento do Brasil, com a colaboração do Senado Brasileiro.
Podemos afirmar que os praticantes do Radioamadorismo são a melhor e a mais barata mão-de-obra que o País pode contar para complementar ou até mesmo suprir as suas necessidades de comunicações, haja visto a recente Portaria nº 302, de 24 de outubro próximo passado, do Ministério da Integração Nacional criando a Rede Nacional de Emergência de Radioamadores – RENER, como parte integrante do Sistema Nacional de Defesa Civil – SINDEC, que breve será regulamentada, para tal foi criado um grupo de estudos constituído por integrantes da Defesa Civil e da LABRE.
Sinto-me envaidecido de estar aqui representando a única entidade reconhecida nacional e internacionalmente como a legitima representante dos radioamadores brasileiros, a LABRE, em nome da qual agradeço a gentileza dos Excelentíssimos Senhores Deputados da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo que com esta Sessão Solene homenageiam àqueles que têm como sentimento maior a preocupação no servir, sendo a sua máxima ‘’QUEM NÃO VIVE PARA SERVIR, NÃO SERVE PARA VIVER”

O VHF EM SANTA CATARINA

Álvaro Tancredo Dippold Júnior - PP5AJ
Até o início de 1979, o VHF em Santa Catarina era praticado por grupos isolados de radioamadores de Joinville, São Francisco do Sul, Itajaí, Blumenau, Florianópolis e do sul do Estado. Entre os pioneiros pode-se citar PP5WB, PP5RG, PP5AZ, PP5HD, PP5LS, PP5AJ, PP5DM, PP5MQ, PP5AJB, PP5HR, PP5WH, PP5WI, PP5GA, PP5YC, PP5RV e PP5AQM.Esses primeiros contatos em FM nos 2 metros bem como o acionamento das repetidoras de Curitiba e, nas inversões térmicas, do Rio e de São Paulo, entusiasmou a diretoria do CRAJE - Clube de Radioamadores de Joinville, a iniciar estudos, visando implantar uma repetidora que viesse motivar o povoamento do segmento de 144 a 148 MHz pelos radioamadores de Santa Catarina.Graças ao apoio recebido na época dos colegas PP5WI - Leon (Florianópolis), PY5BK - Chasko e PY5NV - Nei (ambos de Curitiba), durante a realização da Concentração de Joinville em outubro de 1978, funcionou em caráter experimental, no Morro da Boa Vista a repetidora 145.850 - 600 MHz. Os resultados foram insatisfatórios, devido a pouca altitude do Boa Vista (250 metros) e o alcance limitado a 50 km.
Baseados nos resultados de uma experiência bem sucedida, de acionamento de repetidoras do Rio, São Paulo e do Paraná e de comunicações diretas com cidades do norte de SC e vale do Itajaí, a partir do Morro do Cachorro, em Blumenau, onde a TV Coligadas Canal 3 tem o seu transmissor, local com altitude de 830 metros em relação ao nível do mar, as atenções dos radioamadores catarinenses voltaram-se para esse local.
Para a instalação da repetidora foi realizada uma cooperativa, com um fundo especial liderado pelo CRAJE, que requereu a licença junto ao DENTEL e contribuiu com CR$ 12.000,00 para o projeto, sendo o restante do custo de aquisição e instalação (CR$ 60.000,00) cobertos por participações voluntárias de CR$ 1.000,00 dos associados do CRAJE e colegas de outras cidades.
Os resultados da iniciativa foram surpreendentes e graças à colaboração da TV Coligadas de Blumenau, na pessoa do técnico Acyr Aguiar - PP5WFM e ao trabalho da equipe de radioamadores interessados, na histórica data de 17.03.79 entrava no ar a PP5001 - CRAJE, no Morro do Cachorro, repetidora pioneira de Santa Catarina, em 145.800 - 600 MHz.
Devido a falta de duplexador e de pequenas munhecadas dos neófitos em instalação de repetidoras, os primeiros 3 meses foram de dificultosos ajustes, resultando em várias viagens de Júnior - PP5AJ de Joinville ao Morro do Cachorro (180 km ida e volta) e a coragem e dedicação do Maurici - PP5AQM, a ajuda de Acyr - PP5WFM, Landolino - PP5LS, Toninho - PP5AZ e outros. Cabe lembrar que PP5AQM - Maurici, foi o único colega com coragem de subir ao topo da torre da TV Coligadas (42 metros) e lá instalar a antena de transmissão da repetidora.
Em maio de 1979 a freqüência da repetidora PP5001 foi modificada para 145.820 - 600 MHz e a partir de então o seu alcance normal, que é Curitiba-Florianópolis no sentido Norte-Sul e Itajaí-Trombudo Central no sentido Leste-Oeste, deixou de coincidir com a freqüência de repetidoras de São Paulo e Rio, possibilitando, nas inversões térmicas, também a colegas do Sul do Estado bem como de São Paulo e do Rio a realizar QSO's via Morro do Cachorro.
Graças ao sucesso total da PP5001, o tráfego passou a ser intenso e novos colegas aderiram ao VHF, o que levou os pioneiros, em memorável reunião realizada em Blumenau a 02.09.79 a organizar nova cooperativa para a aquisição de uma segunda repetidora, tendo sido escolhido como local o Morro do Brilhante (entre Brusque e Itajaí), sob a coordenação do CRAB - Clube de Radioamadores de Brusque. Na histórica data de 02.12.79, entrava no ar a repetidora do Brilhante, na freqüência de 146.730 - 600 MHz.
A exemplo da primeira, os primeiros meses foram difíceis, devido a infra-estrutura disponível no local, o que levou o dedicado colega Maurici - PP5AQM a subir várias vezes ao Morro do Brilhante, acompanhado dos colegas de Brusque (Cavaco - PP5WRS, Heinz - PP5WHW, Osny - PY5TB) até que, graças ao apoio da RBS - Rede Brasil Sul de Comunicações, na pessoa do colega PP5AV - Cleto Carioni, foram definitivamente instaladas as antenas e o repetidor.
A repetidora do Brilhante serviu para aproximar principalmente os colegas de Florianópolis que passaram a ter melhores condições de acionamento. Teve importante papel comunitário, quando do trágico acidente do avião da Transbrasil, no Morro da Virginia, em Florianópolis.
Os colegas do Sul do Estado acompanhavam com interesse os excelentes resultados obtidos com os dois repetidores do Norte de Santa Catarina e, como resultado de uma promoção regional, em 29.12.79 entrava no ar a Repetidora de Tubarão, no Morro do Camisão, na freqüência de 146.760 - 600 MHz. Participaram da instalação da mesma os colegas do sul, PP5GA - Geraldo, PP5WDI - Edi, PP5WNF - Carlos e os colegas PP5JS - Schneider (Florianópolis), PP5WOZ - Cassiano (Blumenau), PP5AJ - Júnior (Joinville), PY2TWL - Carlos Augusto (São Paulo, atual PP5CS). O TV Clube de Tubarão emprestou a sua infra-estrutura para a instalação da terceira repetidora de Santa Catarina.
Considerando que a essa altura, uma repetidora de VHF não era mais segredo, os colegas de Florianópolis PP5YF - Edson, PP5EE - Eduardo, PP5WKS - Conrado, PP5WI - Leon, PP5VV - Evilásio, PP5JS - Schneider, PP5LB - Brasil e tantos outros, conseguiram, no dia 10.04.80 colocar no ar, em 147.000 - 600 MHz, a repetidora do Morro da Cruz, de Florianópolis, com a adaptação de dois transceptores digitais e um amplificador linear, funcionando como um repetidor. O sucesso foi total com tecnologia barriga-verde.
A cada dia que passa, os radioamadores vão se integrando mais e mais, servindo às suas comunidades sempre que necessário. A integração regional é utilizada para encontros fraternos, divulgação dos QTC's falados de PT2AA e PP5AA e aulas de telegrafia.
Novas repetidoras e experiências hão de vir em Santa Catarina, visando o progresso das telecomunicações em um radioamadorismo integrado, pois, como disse Hiran Percy Maxim, o grande presidente fundador da ARRL, “há sempre uma nova maneira de ver as coisas e de senti-las”. E assim, foi escrita mais uma página da história do radioamadorismo em Santa Catarina.
RADIODIFUSÃO

A radiotransmissão destinada à recepção e ao uso geral do público denomina-se radiodifusão. Na sua forma mais simples, a radiodifusão é utilizada para a divulgação sistemática, pelo rádio, de programas educacionais e recreativos, noticiários e informações diversas, sempre destinados à recepção simultânea pelos aparelhos radiorreceptores localizados na área de receptividade da estação transmissora.
Como toda descoberta decorrente da evolução científica, também a radiodifusão resultou de uma seqüência ininterrupta de contribuições recebidas de numerosos cientistas de todas as partes do mundo, durante um longo espaço de tempo. A invenção da válvula de rádio audion em 1906, pelo engenheiro norte-americano Lee de Forest (1873-1961), possibilitou a produção de variações eletromagnéticas capazes de transmitir as configurações da voz humana. Já no último quartel do século XIX, homens como Thomas Savery, William F. Cooke, Charles Wheatstone, Samuel Finley Breese Morse, Joseph Henry, Von Bezold, James Clerk Maxwell, Heinrich Rudolph Hertz, Édouard Branly, Oliver Joseph Lodge, Nikola Tesla, Padre Roberto Landell de Moura, Guglielmo Marconi, e outros, haviam estabelecido as bases científicas para a nova invenção.
Em 1873, James Clerk Maxwell completou a sua teoria sôbre as ondas eletromagnéticas, utilizada posteriormente na radiotransmissão. A luz e o som propagam-se em tôdas as direções, isto é, são ondas concêntricas e esféricas; também assim procedem as ondas de rádio. Sabendo Maxwell que as ondas extraordinariamente curtas afetam o nervo ótico, produzindo a sensação de luz, sustentava que deviam existir ondas análogas, mas de maiores extensões, que poderiam produzir efeitos eletromagnéticos.
Foi, porém, Heinrich Rudolph Hertz que, mediante poderosas descargas elétricas, conseguiu, em seu laboratório, em Karlsruhe, Alemanha, transmitir os impulsos de uma sala para outra, estabelecendo definitivamente a teoria de Maxwell e demonstrando, também, a íntima relação existente entre a luz e a eletricidade.
Numerosos cientistas entregaram-se então a explorar as possibilidades práticas destas descobertas. Entre eles foi, porém, Padre Roberto Landell de Moura e Guglielmo Marconi que tiveram êxito final.
Em 1893 o brasileiro Padre-cientista Roberto Landell de Moura realizava, em São Paulo, do alto da Avenida Paulista para o alto do Morro de Sant’Ana, as primeiras transmissões de telegrafia e telefonia sem fio, com aparelhos de sua invenção, numa distância aproximada de uns oito quilômetros em linha reta, entre aparelhos transmissor e receptor, presenciada pelo Cônsul Britânico em São Paulo, Sr. C. P. Lupton, autoridades brasileiras, povo e vários capitalistas paulistanos. Tratava-se da primeira radiotransmissão da qual se tem notícias. Só um ano depois foi que Guglielmo Marconi iniciou as experiências com seu telégrafo sem fio. Em virtude de brilhante êxito de suas experiências inéditas, em nível mundial, Landell de Moura obteve uma patente brasileira para um “aparelho destinado à transmissão phonética à distância, com fio ou sem fio, através do espaço, da terra e do elemento aquoso”, patente nº. 3.279. Era o dia 09 de março de 1901. O mérito do Padre Landell de Moura é ainda maior se considerarmos que desenvolveu tudo sozinho.
Guglielmo Marconi iniciou as suas investigações por volta de 1894, quando conseguiu enviar sinais fracos a cerca de 100 metros. O progresso foi rápido, pois, já nos dois próximos anos, alcançava pouco mais de 1 km e, logo depois, enviava mensagens a 5 km. Como as suas atividades científicas encontrassem pouco apoio na Itália, mudou-se para a Inglaterra. A Rainha Vitória encontrava-se enferma, na ilha de Wight, quando foi possível transmitir para Londres, através do aparelho de Marconi, notícias sobre o seu estado de saúde. Tal fato despertou geral interesse, e o método de comunicação utilizado por Marconi teve repercussão mundial. Em 1896, Marconi patenteava o primeiro aparelho transmissor sem fios.
Guglielmo Marconi prosseguindo no desenvolvimento de seu aparelho, em dezembro de 1901, conseguiu transmitir sinais correspondentes à letra S do Código Morse, de Poldhu, na Cornualha, Inglaterra, para o outro lado do Atlântico, a uma colina situada na Baía de St. Johns, na Terra Nova. Daí por diante, a evolução do telégrafo foi rápida, valendo-se do código de Morse, composto de pontos e traços, ou sejam, transmissões de sinais de diferentes durações.
O problema da transmissão das vibrações características do som, contudo, não era ainda possível resolver com o aparelho inventado por Marconi. Era preciso encontrar-se a maneira de enviar ondas de amplitude uniforme, em vez das ondas amortecidas dos primeiros aparelhos radiotelegráficos. Por outro lado, para que os receptores pudessem selecionar as determinadas estações, era necessário que as freqüências fossem uniformes. Uma vez que se pudesse variar, à vontade, a amplitude das ondas de modo a fazê-las corresponder às variações das radiofreqüências, seria possível imprimir às ondas eletromagnéticas o perfil particular das ondas sonoras, e, com isso, resolver-se o problema da modulação, que consiste em fazer variar a freqüência ou amplitude de uma onda em concordância com a onda de sinal de rádio.
Quanto se saiba, o primeiro programa irradiado foi o do Professor Reginald Aubrey Fessenden, em Brant Rock, Massachusetts, nos E.U.A., na noite de Natal de 1906. O programa consistiu de música e de uma alocução própria das festividades.
Lee de Forest, em 1908 realizou com sucesso uma irradiação da Tôrre Eiffel, em Paris.
Em 1910 se fazia a primeira transmissão do programa de Enrico Caruso da Metropolitan Ópera, de Nova York.
Só depois da I Guerra Mundial é que verdadeiramente começou a incrementar-se a radiodifusão.
No início, quase que só radioamadores é que difundiam programas de músicas de discos. A curiosidade do público sempre crescente deu origem aos interesses comerciais, resultando, assim, as organizações com finalidades de divulgação de informações, propaganda comercial e divertimentos.
A radiodifusão propriamente dita, surgiu em 2 de novembro de 1920, com a estação KDKA, de Pittsburgh, Pensilvânia, E.U.A., primeira radiodifusora regular, organizada pela Westinghouse Electric and Manufacturing. Serviu-se do sistema conhecido por AM ou Modulação de Amplitude.
Logo em seguida a estação WGY, mais tarde com os prefixos WGEA e WGEO, da General Electric Co., em Schenectady, entrou em funcionamento; no princípio apenas para fins experimentais mas, em pouco tempo, tornou-se a mais possante e talvez a mais conhecida estação de “broadcasting” de todo o mundo.

MODULAÇÃO DE AMPLITUDE - AM

Dentre os diversos métodos inventados para a solução do problema de modulação de amplitude, a válvula termoiônica audion se impôs rapidamente sobre todos os outros.
Em 1883, Thomas Alva Edison notou que todo o filamento, ao ser aquecido no vácuo, emite um fluxo de elétrons, que pode ser regulado mediante uma grade adequadamente colocada. John Ambrose Fleming, investigando em 1904 o chamado “Efeito de Edison”, conseguiu inventar uma válvula de placa e filamento, à qual, em 1906, Lee de Forest acrescentou a grade. Quando se submete a grade a uma variação de tensão muito fraca, em determinadas condições elétricas, tem-se como efeito uma variação consideravelmente maior na tensão elétrica entre o filamento e a placa. Assim, os impulsos fracos recolhidos pela antena e terra podem ser transmitidos ao circuito grade-filamento e amplificadas no circuito filamento-placa.
Para torná-los ainda mais fortes, quando necessário, os impulsos podem ser comunicados a uma nova válvula e repetir-se o processo até alcançar a potência desejada.
A válvula oferece ainda as propriedades de um retificador. Se é proporcionada corrente alternada ao circuito grade-filamento, obtém-se uma fonte de corrente contínua de diversas intensidades, e este é, precisamente, o tipo de corrente necessário ao funcionamento da membrana de um auricular ou bobina de um alto-falante. Este processo, pode, pois, resolver o problema da transmissão dos diversos sons. Os sons recebidos pelo microfone são transformados em correntes de intensidades diferentes, que depois são conduzidas à válvula transmissora. Ali essas variações se traduzem em ondas sucessivas de diversas amplitudes.
Este processo de modulação torna compreensíveis os sinais incorporados às ondas hertzianas portadoras. No aparelho receptor, as ondas recebidas dão origem a correntes que são conduzidas, ora diretamente, ora por meio de sistemas sintonizadores providos de indutância e capacitância, até o filamento e a grade da válvula empregada como detectora. Aqui os impulsos produzem variações na intensidade da corrente que vai da placa ao filamento. Amplificados tais impulsos, a seguir, por válvulas adicionais, essas variações atuam sobre a membrana do auricular receptor telefônico ou sobre a bobina do alto-falante, produzindo vibrações semelhantes às do som original.
Este sistema tem como objetivo produzir ondas moduladas, mediante a variação da amplitude das ondas de radiofreqüência.

MODULAÇÃO DE FREQÜÊNCIA - FM

Existe, porém, um outro sistema denominado de Modulação de Freqüência, inventado em 1936, por Edwin Howard Armstrong, no qual se faz variar a freqüência e mantém-se constante a amplitude da onda hertziana. Dois são os métodos principais utilizados para reduzir os ruídos que interferem na recepção. O primeiro aumenta a potência do transmissor e o segundo aumenta a modulação. A modulação máxima de um sistema A.M. é obtida quando a amplitude da onda modulante é igual a amplitude da onda de radiofreqüência. No sistema F.M. a modulação máxima é limitada pela faixa de radiofreqüência que pode ser enviada e recebida. Enquanto as faixas designadas para as estações do sistema de A.M. são limitadas a 10 kc por segundo, as de F.M. alcançam até 200 kc por segundo.
Este sistema é hoje geralmente empregado na radiodifusão e também utilizado para transmitir o som das emissoras de televisão.

ASPECTOS TÉCNICOS

Em meados do século XX, existiam cinco tipos distintos de radiodifusão, que podem ser assim classificados: l - radiodifusão regional de ondas longas; 2 - radiodifusão internacional de ondas curtas; 3 - radiodifusão de freqüência modulada ou F.M.; 4 - radiodifusão de imagem ou televisão ou TV, e 5 - radiodifusão de fac-símile.
Em muitos aspectos, a técnica adotada é semelhante; em outros, difere bastante. São elementos essenciais: (1) estúdio, microfone e equipamento transmissor capaz de gerar corrente de alta freqüência, modulando-a de acordo com o programa a ser irradiado e irradiando ondas eletromagnéticas com intensidade aproximadamente igual em todas as direções, e (2) qualquer número de receptores situados em vários lugares onde possam detectar as ondas irradiadas e reproduzir o programa original.
Tal sistema é considerado como radiodifusão, tanto de som como de imagem, sendo que o de imagens em movimento é conhecido por televisão e o de imagem estacionária é denominado fac-símile. Este último é muito utilizado pela imprensa na divulgação de radiofotografias.
Na radiodifusão de som, o microfone transforma as várias pressões de ar das ondas sonoras em flutuação da corrente elétrica. As correntes produzidas são imagens elétricas do som, que, depois de amplificadas, são encaminhadas ao transmissor para modulação da onda irradiada. Esta onda, de freqüência alta, serve apenas para transportar os sinais aos locais distantes de recepção. Por isso dá-se-lhe o nome de “onda portadora”.
Ao passarem pelas antenas de receptores ajustados, as ondas produzem correntes de alta freqüência, nas quais a modulação continua preservada. O circuito do receptor elimina a onda portadora do sinal por um processo denominado detecção, a fim de extrair a informação trazida pela modulação. Neste estágio, a informação é convertida em uma corrente elétrica substancialmente idêntica à corrente variável do microfone das estações transmissoras distantes. As correntes do receptor atuam sobre o diafragma do alto-falante que, por processo inverso ao do microfone, produz variações de pressão no ar ambiente, resultando daí o som original.

RADIODIFUSÃO NO BRASIL

A primeira irradiação pública de nosso país foi feita no Rio de Janeiro, em 7 de setembro de 1922, com o discurso do Presidente Epitácio da Silva Pessoa, inaugurando a Exposição do Centenário da Independência. A irradiação foi feita através da Estação de prefixo S.P.C., instalada no alto do Corcovado, por iniciativa de Westinghouse Electric Internacional e da Cia. Telefônica Brasileira. Era uma transmissora pequena montada especialmente para os festejos da Exposição do Centenário e, por isso, teve vida curta.
Somente em 20 de abril de 1923 surgiu, verdadeiramente, a primeira radiodifusora brasileira: a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Daí por diante o progresso foi rápido, pois logo foram instaladas radiodifusoras em quase todas as capitais dos Estados. O seu número, sempre crescente, teve desenvolvimento maior depois da II Guerra Mundial.
Já em 1954 existiam quase 500 emissoras e, em 1962, o Brasil já se apresenta como a maior potência radiofônica da América do Sul.
A radiodifusão é uma das modalidades mais importantes da radiocomunicação, porque exerce sobre os radiouvintes marcante influência, graças à ampla penetração em todos os lares.
A primeira lei reguladora dos serviços de radiocomunicação no território brasileiro foi publicada em 27 de maio de 1931, Decreto nº. 20.047. Até então, todas as concessões eram reguladas pelo órgão competente do Ministério da Viação e Obras Públicas. Seguiram-se outras leis, portarias e regulamentos. Contudo só em 1962 se deu início a uma legislação que pretende ser completa sobre todos os aspectos da radiodifusão brasileira.
É interessante mencionar o fato de que já em 1892, em Mogi das Cruzes, São Paulo, o Padre-cientista Roberto Landell de Moura (1861-1928), brasileiro, natural de Porto Alegre-RS, realizando experiências com um rústico aparelho e utilizando uma válvula, semelhante à de Crookes, de três eletródios, conseguiu transmitir e receber a palavra humana através do espaço, sem o emprego de fios. Tendo aperfeiçoado o seu aparelho, em 1893 fez novas experiências na cidade de São Paulo, da Avenida Paulista ao Morro de Sant’Ana. Em 9 de março de 1901 obteve a patente brasileira de nº. 3.279, para transmissão da palavra a distância com e sem fios.
Em julho de 1901 partiu com destino a América do Norte, instalando seu gabinete de física em Nova York, distrito de Manhattan, onde permaneceria por três anos, fazendo ensaios e experiências.
Nos Estados Unidos, em 11 de outubro de 1904, obteve a patente nº. 771.917, para um Transmissor de Ondas e, em 22 de novembro de 1904, a de nº. 775.337, para um Telefone sem Fio e, na mesma data, a de nº. 775.846, para um Telégrafo sem Fio.
Desejando fazer demonstrações de seus inventos com navios de guerra no Rio de Janeiro, solicitou auxílio ao governo, nada conseguindo. Desiludido, voltou à sua terra natal, para se dedicar, daí por diante, somente aos seus paroquianos. As patentes, depois de expirados os prazos de garantia, caíram no domínio comum

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